nessas férias voltei pra portugal (!!!). há alguns meses a Camila (Mindu) tinha me convidado pra escrever um texto em parceria para enviarmos ao #18.ART. achei a proposta interessante! escrever junto, simultaneamente, permite diálogos muito ricos. infelizmente eu tinha férias marcadas para setembro, o que impediria que estivesse presente na apresentação, mas resolvi dar uma chance para o imprevisível, e eis que surgiu um projeto no trabalho que me exigiu alteração de férias. e pude ir.
sobre o #18.ART, escreverei um post específico. fato é que o encontro promoveu outros encontros.
o guilherme maranhão está mudando para Braga, e sabendo da nossa presença, agendou uma das entrevistas sobre fotografia portuguesa em Lix para o momento em que estivéssemos lá.
ele estava empolgadíssimo com o encontro, pois era assíduo leitor do blog da entrevistada. e apesar de eu procurar espaços e pessoas ligadas à fotografia analógica sempre que vou pra portugal, minha dificuldade com o inglês acabou criando esse hiato. não conhecia o blog e nem a autora. mas tive sorte que o guilherme fez essa ponte (a entrevista pode ser vista aqui). daí descobri que o espaço do trio de fotógrafos (sofia silva, autora do blog e entrevistada do guilherme; paula lourenço; e alexandre de magalhães) abriria – por uma feliz coincidência – num final de semana em que eu ainda estaria por lá. notei na agenda e lá fui.
a tira-olhos é uma associação de fotografia experimental. eles três são professores universitários e num dado momento de suas carreiras sentiram falta de ter um espaço com laboratório onde pudessem fazer suas produções em fotografia e que pudessem também oferecer cursos de forma mais livre (fora do contexto acadêmico). em 2018 começaram a saga para achar o lugar e abriram suas portas em 27/10/2019. a sofia conta dessa aventura aqui em seu blog.
conversando com a sofia percebemos que estivemos recentemente em estágios muito semelhantes da procura e montagem do ateliê. de repente conseguir uma pia nos faz pensar que resolvemos um grande problema, e há o momento da paixão pelas torneiras. o sistema de exaustão/ventilação ainda é um item a ser resolvido no meu lab e no dela.
conversamos sobre anthotypes, pigmentos variados, tingimento e outras cores. plantas daqui, plantas de lá. dissertação, minha piração com a biologia. a Sofia contou um pouco da fotografia terapêutica e seu desejo de montar um grupo em lisboa. ela também tem um lado têxtil muito forte em suas produções (eu deixei a minha produção com os teares, máquinas de costuras, linhas e agulhas, guardado em algum cantinho, e vez ou outra esses fazeres reaparecem). na entrevista ela chega a comentar que o bordado é algo mais constante em sua vida que a fotografia. a escrita e o bordado. ela também borda sobre fotografias.
com a paula e o alexandre conversei sobre ambrótipos, ferrótipos, daguerreótipos. falamos sobre como produzir placas de prata, do dia em que ‘o rené smets olhou pra mim’, e de outras químicas. o legal desses encontros é que sempre rolam umas trocas. a paula me perguntou sobre como fiz a colorização de alguns ferrótipos/ambrótipos e ela me deu uma dica de uma cera para metais (e me passou inclusive endereço de onde encontrar em lisboa) que ela utiliza no lugar do verniz. enquanto falávamos, o guilherme brincou que “ao dizermos ‘fiz um becquerel’ damos ao outro muitas pistas sobre o que andamos fazendo no nosso último ano”. a reflexão dele sobre essa conversa, está publicada aqui.
foi uma tarde muito agradável.
coisas como essas me fazem pensar sobre tudo o que não acesso por não ter facilidade com o inglês… algo a ser refletido… e revertido.

📷 Sofia Silva|Laura Nadar. mais uma pra minha coleção de ‘piscos’ 😌
o trio de artistas oferece cursos de fotografia experimental com práticas no laboratório bonito que eles montaram no andar de baixo do ateliê. para quem está na cidade e deseja aprender sobre fotografia analógica, recomendo vivamente.
agradeço ao guilherme pelo encontro. foi muito bom! é um lugar para onde quero voltar outras vezes e pessoas com as quais sinto vontade de continuar as trocas e os diálogos.
a tira-olhos fica na rua jacinto nunes, 8b, em lisboa.
aqui é possível ver a agenda de cursos programados.
💙
p.s.: tira-olhos (segundo googlei) é uma espécie de libélula. 🙂
Pois é! Eu sei um pouco de francês… me viro melhor que o inglês… mas idiomas, de um modo geral, é um bloqueio. Estranhamente em Rochester apesar de eu não conseguia falar uma frase inteira, entendia praticamente tudo que o Osterman falava.. Um mistério! Dizem que tem a ver com lados diferentes do cérebro… rs.
Eu lembro de ser perguntando pelos alunos do curso técnico na Anhembi Morumbi anos atrás sobre o que era mais importante para aprender a fotografia e responder de bate pronto que era o inglês. Acho mesmo que foi o que mais me ajudou a aprender de tudo um pouco, porque vai além de USA e UK e o blog da Sofia, o canal de youtube sobre colódio do Shit Photography e a história da fotografia pinhole do Jon Grepstad são os primeiros exemplos que me vêm à mente.
Hoje, na Europa, me dou conta que vacilei ao não investir no meu francês. Na escola a gente podia escolher, mas o fato é que na vida não se deve escolher entre os dois, deveria ter aprendido os dois. Avec beaucoup intensitè.