depois de polir o cobre com politriz de bancada, seguida de lixadeira roto-orbital, ontem fiz a prateação. a ideia era seguir as recomendações de Francesco Fragomeni, com quem tenho trocado alguns e-mails. Francesco tem um canal no YouTube e um blog bastante didáticos, que recomendo vivamente para quem tem interesse em fotografia analógica.
vale ressaltar aqui que quando se procura por tutoriais sobre eletrólise a maioria das informações encontradas dizem respeito a joalheria. e convenhamos… para um joalheiro, o que fazemos para a produção de placas para daguerreótipo é um ‘despropósito’: colocamos um monte de prata sobre a placa – o que faz a placa ficar até fosca -, para a seguir polirmos loucamente até a deixarmos espelhada, tirando um monte de prata. por isso, considero a postagem dele sobre ‘eletrólise para placas de daguerreótipo’ uma espécie de utilidade pública, dada a especificidade do tutorial, e também a transparência das informações que ele oferece, mostrando todos os detalhes de sua forma de execução.
o que muda no processo dele em relação a forma como eu procedo minha prateação são os seguintes pontos: Francesco não utiliza desengordurante eletrolítico, ele limpa a placa com álcool desnaturado e acetona; Francesco faz o que é chamado de ‘strike silver’, o que traduzo livremente como um golpe de prata e falarei mais disso a seguir; a voltagem que ele utiliza (2v) é um pouco mais alta do que a que eu costumo utilizar (0,6-0,8v); Francesco faz duas séries de 10min de eletrólise, enquanto eu faço apenas uma de 8min. importante: o banho de prata que Francesco usa é mais simples, infelizmente não encontro assim no Brasil. o meu contém outros elementos ‘abrilhantadores’, que seriam desnecessários para esse processo, mas são muito úteis para a joalheiros (que são os principais consumidores desse produto/banho de prata).
o strike silver, como ele me explicou, é um golpe inicial na eletrólise com voltagem bem alta (6v), afim de conseguir uma prata mais rígida e que adere de forma mais efetiva ao cobre. é uma ‘pancada’ inicial, que não deve ultrapassar os 30s e que utiliza o ânodo de inox para esse ‘choque’ inicial. a seguir, troca-se o ânodo pela prata pura e segue a prateação com duas etapas de 10min cada com voltagem mais baixa.
presumo que esse processo ‘esgotará’ meu banho mais rapidamente, uma vez que para o strike a prata é consumida unicamente do banho. quando eu uso com o ânodo de prata, a solução vai se equilibrando já que a prata sai do ânodo para a solução. enfim… isso é apenas uma divagação.
ao terminar a primeira prata, fiquei em estado de choque com o como a placa estava branca e opaca. fiquei incrédula de que polindo ela ficaria espelhada. interrompi a prateação e comecei a polir a prata antes de seguir prateando as próximas tamanha a minha desconfiança 😆

fiz o polimento manual, como normalmente faço e nada da placa brilhar. resolvi passar para a politriz roto-orbital. muitos minutos depois, a placa começou a brilhar! a roto-orbital, como falei no post anterior, forma um certo padrão (que eu vejo como uma série de ‘escaminhas’ de peixe), quando a placa estava quase toda brilhante, passei para o polimento manual, na tábua de polimento. pronto! estava convencida!

segui e prateei mais duas placas usando o mesmo procedimento do Francesco. em seguida, como meu banho é diferente do dele, resolvi fazer um teste para comparar resultados: mantive o strike silver como descrito pelo Francesco e segui a prateação com meus valores de voltagem e tempo (uma placa com 0,8v e outra com 0,6v, ambas com 8min). elas ficaram com uma aparência mais próxima do que eu normalmente tenho em minhas eletrólises, porém, parecem muito mais resistentes, sem pontos ou bolhas na prateação (que descamam no polimento). a diferença entre as duas últimas das três primeiras é que o acabamento na superfície não ficou branco opaco, fosco. ficou levemente brilhante, como das minhas outras prateações, mas visualmente já parecem mais resistentes.

fiquei super satisfeita com os experimentos,e nas próximas semanas pretendo polir, sensibilizar e fotografar para tirar mais conclusões.
intuo que minhas duas últimas placas (com strike silver seguido de prateação com voltagem baixa) formam uma prata mais macia e mais fina, mais fácil de polir a mão (sem politriz). quero muito entender se isso procede mesmo. e também quero entender se a rigidez a prata influenciará na sensibilidade e escala tonal da imagem final.
de pronto, gostaria muito de agradecer às trocas com o Francesco Fragomeni e recomendar muito para quem tem interesse no assunto visitar seu blog e assistir ao vídeo mais didático que já vi sobre esse assunto (produção de placas para daguerreótipo por eletrólise). parece que finalmente avancei alguns degraus nesse processo ainda um pouco misterioso, complexo e desafiador!
seguimos!